INSTITUTO BACCARELLI INICIA NOVO CICLO, COM MAESTRO
ISAAC KARABTCHEVSKY À FRENTE DA SINFÔNICA HELIÓPOLIS
Meta é posicionar o grupo de excelência artística de Heliópolis de forma
referencial, em paralelo aos avanços estruturais e administrativos do Instituto
O ano de 2010 se encerra como um marco na história do Instituto Baccarelli, graças aos importantes avanços conquistados no desenvolvimento dos grupos musicais que coordena e ao reconhecimento de sua atuação pelo poder público.
Esta trajetória conta com dois acontecimentos recentes: a bem sucedida turnê da Sinfônica Heliópolis pela Europa - que passou por Alemanha, Holanda e Inglaterra; e a assinatura de um contrato com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, antecipando o ensino de música obrigatório em escolas da região, cujos alunos já se beneficiam da estrutura do Instituto e da excelência de seus professores.
Além disso, a segunda etapa da construção do prédio do Instituto, com novas salas de estudo, grandes salas de ensaio, percussão e camarins, está prestes a ser finalizada. Vislumbrando a necessidade de acompanhar este crescimento em todos os âmbitos, o Instituto Baccarelli projetou uma nova fase para a Sinfônica Heliópolis, que contempla um caminho rumo à profissionalização da orquestra, com evoluções na área artística e pedagógica.
Parte dessa mudança é a vinda do maestro Isaac Karabtchevsky para assumir, a partir de 2011, a direção artística do Instituto Baccarelli. Isso significa não só a direção da Sinfônica Heliópolis, como de todas as formações corais e orquestrais mantidas pela instituição. Esse novo formato possibilitará maior interação entre a área artística e pedagógica do Instituto.
Desta forma, a Sinfônica encerra também um produtivo ciclo, de expressivos resultados, atribuído à atuação do maestro Roberto Tibiriçá. Nos últimos cinco anos ele contribuiu de forma significativa para o crescimento, progresso e refinamento artístico do grupo. “Grande parte do reconhecimento internacional que temos hoje se deve ao seu fundamental trabalho de excelência, em conjunto com a equipe do Instituto”, afirma Edilson Ventureli, diretor executivo do Instituto Baccarelli.
A mudança se dá também pela falta de agenda do maestro Roberto Tibiriçá, por conta dos compromissos com as outras orquestras em que atua. “Depois de todos os acontecimentos deste ano, precisávamos mudar a forma de pensar a Sinfônica Heliópolis, queremos trabalhar para torná-la profissional”, completa Ventureli.
A vinda de Karabtchevsky significará, já num primeiro momento, o aumento da carga semanal de ensaios do grupo. Os ensaios tutti – que contam com a presença de todos os integrantes da orquestra – passam a acontecer três vezes por semana (antes eram bissemanais), com períodos de semanas de trabalho intensos sob direção e regência de Isaac. Como conseqüência, uma das metas é passar a ampliar o repertório da orquestra, abrangendo desde o barroco, até música contemporânea.
O grupo de 75 músicos que compõem atualmente a Sinfônica Heliópolis será ampliado para 90.
No intuito de fortalecer a unidade do corpo sinfônico, os ensaios de naipe da Sinfônica passarão a acontecer no mesmo dia e período da semana. Esta ação promoverá uma maior integração entre o trabalho preparatório dos professores responsáveis por naipe e a condução do maestro titular, que definirá linhas de atuação e orientará a equipe constantemente.
Além disso, os outros grupos orquestrais, de níveis iniciante e intermediário, passarão a ter ensaio de naipe, todos conduzidos pelos professores assistentes do Instituto, que na verdade, são os alunos integrantes da Sinfônica Heliópolis. Atualmente, parte dos alunos já atua como professores assistentes. Ao ensinarem os alunos iniciantes, estes jovens tornam-se multiplicadores do conhecimento adquirido no Instituto, e retribuem à sociedade aquilo que receberam. A partir de agora poderão ampliar a frente de atuação, não só ministrando aulas individuais, mas apoiando a prática orquestral. Nos dois casos, os alunos receberão remuneração pela dedicação a essa atividade.
Ainda sob a perspectiva artística, também é importante ressaltar a criação de um departamento de programação, coordenado pelo produtor cultural Angelo Mugia, que já tem agendado para o próximo ano uma temporada de seis concertos (três deles já confirmados para a Sala São Paulo). Com especial atenção para a questão social, essência do Instituto Baccarelli, está acertada uma série de apresentações nos CEUs, com o objetivo de contribuir com formação de plateias e democratização da música clássica. A intenção do Instituto Baccarelli é definir com antecedência apresentações da orquestra em palcos de todo o país, além de realizar novas turnês internacionais.
Como consequência deste novo posicionamento artístico, a Sinfônica Heliópolis também caminha para a profissionalização de sua estrutura. O planejamento é que, a partir de 2011, ocorra um aumento gradual do auxílio financeiro oferecido aos músicos, de modo a atingir um valor condizente com o atualmente praticado no mercado, pelas principais orquestras brasileiras. Para o próximo ano, o investimento total da transferência de renda feita para os jovens da orquestra crescerá 80%. Hoje, esse montante é de R$ 750 mil, variando de R$ 450,00 a R$ 1200,00 por mês.
Em paralelo, o Instituto está em fase de captação para a construção de uma moderna sala de concertos e espetáculos que vai sediar a orquestra. O projeto acústico é assinado pela mesma empresa responsável pela engenharia acústica de lugares como a Sala São Paulo, Teatro Bradesco e Alfa, e fecha um ciclo de 3 etapas da obra da sede própria do Instituto.
Para a aluna Daniela Correa, 26 anos, uma das primeiras integrantes do Instituto, o momento contempla a lembrança das conquistas recentes e a expectativa para desafios ainda maiores, num futuro próximo: “Todos os acontecimentos positivos para o Instituto neste ano foram também um presente para nós, uma recompensa por toda nossa luta e esforço. É um reconhecimento do nosso valor, pois nunca imaginamos chegar até aqui. Queremos fazer desta orquestra um exemplo para São Paulo”, completa.
Impactos Sociais
A elevação do nível musical de um dos importantes grupos do Instituto impulsiona todo o programa de ensino do Instituto, desde o início. As crianças, que compõe a base do Instituto, são estimuladas a atingirem o nível artístico da Sinfônica. Torna-la um corpo profissional, além de agregar reconhecimento à comunidade e gerar um importante sentimento de orgulho e elevação da auto-estima, impacta o cenário musical, que passa a desfrutar de uma nova frente de atuação no mercado de trabalho.
Sinfônica Heliópolis
Programa diferenciado dentro do Instituto Baccarelli, que promove prática orquestral refinada e conhecimento de repertório sinfônico. Proporciona aos alunos oriundos de Heliópolis a convivência com estudantes de realidades distintas, uma vez que as inscrições para a orquestra são abertas a todos os estados brasileiros. Atualmente é uma orquestra composta por 75 músicos, entre os quais os alunos que mais se desenvolveram ao longo de todo o processo educativo proposto.
Reflete o resultado da estrutura de ensino sólida oferecida pelo Instituto Baccarelli e alavanca retorno de identidade impactante para a comunidade que leva em seu nome. Atingiu a conotação de um grupo artístico de qualidade, preparado para tocar junto a grandes solistas brasileiros e internacionais, como Erik Schumann; ou artistas populares brasileiros, como Toquinho.
Isaac Karabtchevsky
Nascido no Brasil, de pais russos, o paulistano Isaac Karabtchevsky começou os estudos de música em São Paulo, na Escola Livres de Música, no Higienópolis. Estudou Oboé com Walter Bianchi. Iniciou sua carreira profissional como regente do Madrigal Renascentista, de Belo Horizonte (MG). Já atuou como diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira – OSB (1969-1994), Teatro La Fenice (1995-2001), Orquestra Tonkünstler, de Viena (1988-1994) e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (2003-2010). Também foi diretor musical da Orchestre National des Pays de la Loire, entre 2004e 2009. Atualmente é diretor artístico da Orquestra Petrobrás Sinfônica, do Rio de Janeiro.
Posteriormente, Karabtchevsky estudou direção de orquestra e composição na Alemanha, sob orientação de Wolfgang Fortner, Pierre Boulez e Carl Ueter. Ao longo de 27 anos participou ativamente da vida musical brasileira, não só à frente da OSB, como também ao conceber o Projeto Aquarius, série de concertos ao ar livre que visou criar um novo público para a música clássica do país – projeto semelhante que o maestro pretende desenvolver no Instituto Baccarelli, visando atingir, por meio de concertos populares, a população. Os concertos reuniam em média cerca de 300 mil pessoas por apresentação. Sua carreira internacional o levou a dirigir concertos e óperas em palcos de grande prestígio, como o Concertgebouw, de Amsterdã, o Carnegie Hall, de Nova York , o Royal Festival Hall, de Londres e a Academia Santa Cecília, de Roma, dentre outros.
Desde 2000, dirige anualmente na Itália, no Musica Riva Festival, masterclasses para maestros do mundo inteiro. No Brasil, desenvolve um projeto similar, sob coordenação de Lu Araújo. Foi homenageado, em 2006, com a medalha Pedro Ernesto, concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Recebeu também do governo do Rio Grande do Sul a comenda de Ponche Verde e o título de Cidadão Gaúcho. Entre outras premiações internacionais foi o primeiro brasileiro a receber a medalha de mérito à cultura de Viena, Áustria, e na França, o Chevalier des Arts des Lettres.
Instituto Baccarelli
Associação civil sem fins lucrativos, que tem por missão oferecer formação musical e artística de excelência proporcionando desenvolvimento pessoal e criando a oportunidade de profissionalização, com foco em crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Localizada na comunidade de Heliópolis, Zona Sul de São Paulo, gerencia os programas: Coral da Gente, de iniciação e aperfeiçoamento em canto coral com técnicas de expressão cênica; Orquestra do Amanhã, de iniciação e aprimoramento em estudo de instrumentos e Sinfônica Heliópolis, de prática orquestral.
Com os resultados obtidos ao longo dos anos junto ao público beneficiado, o Instituto Baccarelli conquistou o respeito da iniciativa pública e privada. Sendo assim, conta desde 1998 com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e, atualmente, conta com um Mantenedor-Fundador: Eletrobrás e três Mantenedores-Ouro: Volkswagen, Instituto Votorantim e Petrobras, além de um Mantenedor-bronze: Comgás.
O projeto, que começou com 36 crianças compondo uma pequena orquestra, tornou-se uma organização sólida, respeitada pela sua comunidade e pelo mundo. Buscando resgatar jovens de uma realidade escassa de oportunidades, oferece a ponte para a profissionalização na música. Hoje, a organização atende a cerca de 1100 crianças e jovens e conta com 20 corais e quatro orquestras, sendo uma delas a Sinfônica Heliópolis, consagrada e reconhecida pelos aplausos internacionais. Jovens que iniciaram no Instituto Baccarelli hoje estudam em Israel, Alemanha e já compõem as principais orquestras profissionais do Brasil.
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